Diferenças entre ser técnico autônomo e empregado: quais são as implicações jurídicas para cada situação

Técnico

No mercado de trabalho atual, é cada vez mais comum encontrarmos profissionais atuando em diferentes modalidades de contratação. Entre elas, duas se destacam bastante, especialmente na área técnica: o técnico autônomo e o empregado. Embora ambos exerçam atividades técnicas, a forma como se relacionam com as empresas e os direitos e deveres de cada um são profundamente diferentes.

Para começar, é crucial entender que a linha que separa o técnico autônomo do empregado não é sempre clara, o que pode gerar dúvidas e até mesmo problemas jurídicos para ambas as partes. Por isso, se você é técnico ou empresa que contrata esse tipo de profissional, é fundamental conhecer as características de cada modalidade e as implicações legais envolvidas.

Primeiramente, vamos entender quem é o técnico autônomo. Em essência, o técnico autônomo é aquele profissional que exerce sua atividade por conta própria, sem vínculo empregatício com uma empresa. Ou seja, ele tem total autonomia para definir como, quando e onde irá trabalhar. Além disso, o técnico autônomo geralmente presta serviços para diversas empresas, e não apenas para uma única contratante. Para ilustrar, pense em um técnico de informática que atende chamados de diversas empresas e clientes, sem horários fixos ou supervisão direta. Esse é um exemplo clássico de técnico autônomo.

Por outro lado, temos a figura do empregado. Diferentemente do autônomo, o empregado possui um vínculo empregatício com a empresa, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Isso significa que ele está subordinado às ordens do empregador, cumpre horário de trabalho, recebe salário mensal, e tem direito a benefícios como férias, 13º salário, FGTS, entre outros. Em outras palavras, o empregado é parte integrante da estrutura da empresa, seguindo suas regras e diretrizes. Como exemplo, podemos citar um técnico de eletrônica que trabalha em uma fábrica, seguindo as ordens do supervisor e cumprindo um horário fixo.

Para deixar ainda mais claro, vamos destacar as principais diferenças entre o técnico autônomo e o empregado em alguns pontos cruciais:

  • Subordinação: O empregado é subordinado ao empregador, seguindo suas ordens e diretrizes. O autônomo não possui subordinação, tendo autonomia para definir como realiza seu trabalho.
  • Pessoalidade: O contrato de emprego é personalíssimo, ou seja, o empregado não pode se fazer substituir por outro profissional. Já o autônomo pode, em alguns casos, delegar parte do serviço ou se fazer substituir.
  • Não eventualidade: O empregado possui uma relação de trabalho contínua e não eventual com a empresa. O autônomo pode prestar serviços de forma esporádica ou contínua, mas sem a mesma característica de vínculo permanente.
  • Onerosidade: Ambos, empregado e autônomo, recebem remuneração pelo serviço prestado. No entanto, o empregado recebe um salário fixo, enquanto o autônomo recebe por serviço ou projeto.
  • Benefícios: O empregado tem direito a diversos benefícios trabalhistas previstos na CLT (férias, 13º, FGTS, etc.). O autônomo, por outro lado, não possui esses direitos, sendo responsável por sua própria previdência e segurança social.

E quais são as implicações jurídicas de cada situação?

Para o técnico autônomo, a principal implicação jurídica é a responsabilidade pela sua própria atividade. Isso quer dizer que ele é responsável por recolher seus próprios impostos (como ISS e INSS), emitir notas fiscais, e arcar com os custos da sua atividade. Além disso, o técnico autônomo não possui os mesmos direitos trabalhistas do empregado, como férias remuneradas, 13º salário, aviso prévio, FGTS, seguro-desemprego, etc. Em contrapartida, o autônomo tem mais liberdade e flexibilidade para gerenciar sua carreira e seus ganhos.

Já para o empregado, a principal implicação jurídica é a proteção da legislação trabalhista. Como vimos, a CLT garante uma série de direitos ao empregado, como salário mínimo, jornada de trabalho limitada, férias, 13º salário, FGTS, aviso prévio, seguro-desemprego, entre outros. Em contrapartida, o empregado possui menos autonomia e flexibilidade, devendo seguir as regras e diretrizes da empresa.

É importante destacar o risco da “pejotização”, que é a prática ilegal de contratar um empregado como se fosse autônomo (geralmente como pessoa jurídica – PJ) para fraudar a legislação trabalhista e evitar o pagamento de encargos sociais. Essa prática é ilegal e pode gerar graves consequências para a empresa, como multas, reclamações trabalhistas e até mesmo processos criminais. Para o técnico, a “pejotização” também é prejudicial, pois ele perde os direitos trabalhistas garantidos pela CLT e fica em uma situação de vulnerabilidade.

Em suma, a escolha entre ser técnico autônomo ou empregado depende de diversos fatores, como o perfil do profissional, seus objetivos de carreira, o tipo de atividade exercida e a relação com a empresa contratante. No entanto, é fundamental que tanto o técnico quanto a empresa compreendam as diferenças entre as duas modalidades e as implicações jurídicas de cada uma, para evitar problemas futuros e garantir uma relação de trabalho transparente e legal.

Se você ainda tem dúvidas sobre qual a modalidade de contratação mais adequada para o seu caso, ou se está enfrentando problemas relacionados à sua situação como técnico autônomo ou empregado, procure um advogado especializado em direito do trabalho. Nosso escritório está à disposição para te orientar e defender seus direitos. Entre em contato conosco e agende uma consulta.

Priscila Casimiro Ribeiro Garcia

Advogada altamente qualificada, Pós Graduada em Execuções Cíveis pela OAB/SP. Especialista em Direito de Família, atuante na área há mais de 15 anos.

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