Erro na identificação do veículo: multa aplicada para o carro errado

Homem analisando uma notificação de multa de trânsito com expressão de preocupação, representando o recebimento de uma multa para o carro errado.

Receber uma notificação de autuação de trânsito é uma situação que, por si só, já gera preocupação. No entanto, o espanto é exponencialmente maior quando você percebe que a infração foi atribuída ao seu veículo, mas você não a cometeu – ou, pior, seu carro estava em um local completamente diferente no momento do registro. Este cenário, mais comum do que se imagina, configura o erro na identificação do veículo e representa uma falha administrativa que pode e deve ser contestada. A sensação de injustiça é imediata, mas é crucial manter a calma e agir de forma estratégica. Este artigo é o seu guia definitivo para entender por que esses erros acontecem, quais são os seus direitos e qual o passo a passo exato para anular uma multa aplicada indevidamente ao seu carro.

A Origem do Erro: Por Que Multas São Aplicadas ao Veículo Incorreto?

Antes de partirmos para a solução, é importante compreender as causas mais frequentes para esse tipo de equívoco. Entender a origem do problema pode, inclusive, fortalecer sua argumentação no momento de apresentar o recurso.

  • Erro de Digitação do Agente: A causa mais simples e recorrente é o erro humano. Durante o preenchimento do auto de infração, o agente de trânsito pode digitar um ou mais caracteres da placa de forma incorreta. Uma letra trocada por outra semelhante (como ‘O’ por ‘Q’) ou um número invertido é suficiente para que a multa seja direcionada ao proprietário de um veículo completamente diferente.
  • Veículos com Características Semelhantes: Um agente pode se confundir ao anotar a placa de um veículo em meio ao trânsito, especialmente se houver carros de mesma cor e modelo próximos um do outro. A pressa ou a falta de visibilidade podem induzir ao erro na anotação.
  • O Grave Problema da Placa Clonada: Esta é a situação mais complexa e que exige maior atenção. A clonagem de placas ocorre quando criminosos duplicam a placa de um veículo regular para utilizá-la em outro, geralmente de mesmas características (marca, modelo e cor), para cometer infrações de trânsito ou outros delitos sem serem identificados. O proprietário do veículo original passa, então, a receber multas por infrações que jamais cometeu, em locais onde nunca esteve.

O Caminho da Defesa: Como Anular a Multa Indevida

Ao receber uma notificação de autuação e constatar o erro, o primeiro instinto não deve ser o de pagar a multa. Pagá-la pode ser interpretado como um reconhecimento da infração. O caminho correto é exercer seu direito de defesa, que é garantido pela Constituição e pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O processo administrativo é dividido em três etapas principais.

1. Defesa Prévia: A Primeira Oportunidade

A Defesa Prévia é o primeiro passo e o prazo para apresentá-la vem especificado na própria Notificação de Autuação (a primeira correspondência que você recebe, de cor amarela). Nesta fase, você deve apontar erros formais e evidentes no auto de infração. No caso de erro na identificação do veículo, seus argumentos devem ser focados em provar a discrepância.

  • O que argumentar? Aponte as divergências claras entre o seu veículo e aquele que possivelmente cometeu a infração. Verifique a descrição do veículo no auto de infração (marca, modelo, cor). Se a notificação não tiver foto, você pode solicitar acesso a ela no órgão de trânsito. Caso a cor ou o modelo descrito não correspondam ao seu, a anulação é praticamente certa. Se houver foto e ela mostrar um carro diferente do seu (com adesivos, rodas ou outros detalhes distintos), sua defesa será muito mais forte.
  • Quais provas apresentar? Anexe cópias da sua CNH, do Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) e da própria notificação. Junte também provas robustas de que seu carro não estava no local da infração. Exemplos incluem: tíquetes de estacionamento com data e hora, comprovantes de pedágio de outro local, declaração do seu empregador atestando sua presença no trabalho, ou até mesmo fotos do seu veículo na sua garagem com data e hora.

2. Recurso em Primeira Instância (JARI)

Se a Defesa Prévia for indeferida (negada), você receberá a Notificação de Imposição de Penalidade (o boleto da multa, geralmente de cor verde). A partir daí, abre-se o prazo para entrar com recurso na Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI).

Nesta etapa, você pode reapresentar os argumentos da Defesa Prévia, mas de forma mais detalhada e aprofundada. É uma nova análise, feita por outros julgadores. Reforce as provas que já possui e, se possível, adicione novas. Se você suspeita de clonagem de placa, este é o momento de registrar um Boletim de Ocorrência na polícia civil e anexar uma cópia ao seu recurso, o que confere extrema seriedade à sua alegação.

3. Recurso em Segunda Instância (CETRAN)

Caso a JARI também indefira seu recurso, ainda resta uma última esfera administrativa: o Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN). O prazo para recorrer ao CETRAN começa a contar a partir da notificação da decisão da JARI. O processo é semelhante, mas representa a última chance de resolver a questão sem a necessidade de uma ação judicial. É fundamental que o recurso seja tecnicamente bem fundamentado, apontando não apenas os erros factuais, mas também eventuais falhas no processo administrativo conduzido pelo órgão de trânsito.

A Importância da Assessoria Jurídica Especializada

Lidar com o erro na aplicação de uma multa pode ser um processo burocrático e, por vezes, frustrante. A administração pública pode ser resistente em reconhecer suas próprias falhas, e um recurso mal formulado ou sem as provas adequadas tem grandes chances de ser negado. A situação se agrava exponencialmente em casos de placa clonada, que podem evoluir para problemas criminais e a perda de pontos na CNH, levando até mesmo à suspensão do direito de dirigir.

É neste ponto que a atuação de um advogado especializado em Direito de Trânsito se torna um diferencial decisivo. Um profissional experiente saberá como analisar o auto de infração para identificar nulidades, reunir as provas mais eficazes para cada caso e redigir uma defesa técnica e persuasiva, aumentando significativamente as chances de sucesso em todas as instâncias administrativas.

Se você recebeu uma multa indevida e acredita ter sido vítima de um erro ou de uma fraude, não assuma este prejuízo. Entre em contato com nosso escritório. Oferecemos uma análise completa do seu caso para identificar a melhor estratégia de defesa, garantindo que seus direitos sejam preservados. Solicite uma orientação personalizada e deixe que nossa equipe cuide de todo o processo para você.

Priscila Casimiro Ribeiro Garcia

Advogada altamente qualificada, Pós Graduada em Execuções Cíveis pela OAB/SP. Especialista em Direito de Família, atuante na área há mais de 15 anos.

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